mistérios de westeros e essos (e além)

🍀 edição especial extraordinária

Depois de um tempinho fora (com viagens, problemas de saúde e outras coisas que contarei em breve), veio aí mais uma Do Meu Jardim! E com patrocínio, ainda por cima 💅 A newsletter tá chique, tá? O post de hoje foi feito com apoio da Editora Suma, que acaba de solucionar uma das queixas mais comuns nos comentários do meu guia de leitura do universo de Game of Thrones: um dos livros mais importantes era dificílimo de encontrar no Brasil. Agora não é mais!

Já conto mais, mas antes vamos de novidades e ver o que brotou por aqui ♥ (Se é seu primeiro post, recomendo a leitura do trecho por que um jardim? na primeira edição. Resumindo bastante, os textos são divididos entre sementes 🫘, brotos 🌱 e árvores 🌳 de acordo com complexidade, conexões ou elaboração.)

🫘 Por algum motivo, é comum encontrar réplicas das espadas dos filmes de Senhor dos Anéis (tipo a Narsil) em vídeos de K-pop.

🌱 Totalmente viciada em fazer sessões-debate? Sim! Na edição passada, mencionei a sessão-debate de A Viagem de Chihiro que rolou comigo em SP. A experiência foi tão bacana que assumi mais duas sessões desde então! No começo do mês teve a de Perfect Blue, que mais uma vez contou com a facilitação gráfica do genial Vítor Massao. Fiz tantas anotações sobre a obra de Satoshi Kon que talvez venha aí um vídeo novo no canal - ou, ao menos, vários comentários aqui na newsletter. A próxima (que talvez já tenha rolado quando o post sair) é a pré-estreia de Angel's Egg, que chega aos cinemas mundiais em versão remasterizada. O filme é uma parceria do diretor Mamoru Oshii (Ghost in the Shell, Patlabor) e o artista Yoshitaka Amano (que, entre muitas coisas, é famoso pela arte conceitual de vários Final Fantasy). Além da empolgação pra ver o longa telona, estou super orgulhosa do projeto das sessões-debate. Se tudo der certo, quero participar de mais eventos do tipo - e não só em SP, então me convidem pra ir até a cidade de vocês ♥

🫘 Se você ainda não viu Pluribus, nova série do Vince Gilligan (Breaking Bad, Better Call Saul), veja. A série da Apple TV tem uma premissa bem doida e eu tô curiosíssima pra saber o rumo dos próximos episódios (vi os dois primeiros, mas ainda não consegui tempo pra ver o 3). Falei dela no último Responde, Mikannn!, assim como de Frankenstein.

🫘 Aliás, sobre Frankenstein... bem, eu ainda não sei o que achar do filme do Guillermo del Toro. Gostei de umas coisas, não gostei muito de outras, mas ainda não consegui cravar o que estou sentindo. Nesse mesmo vídeo de perguntas e respostas, falei a respeito disso. Quando tiver algo mais elaborado, devo trazer pra newsletter - afinal, tenho todo um texto aqui sobre adaptações da obra de Mary Shelley.

🌱 Você sabia que capivara, em chinês, é “porco d’água”? Eu não sabia! Descobri nesse vídeo, que explica por que o mandarim adota poucos estrangeirismos. Um possível motivo é a citação atribuída a Confúcio: "nomes devem seguir seus portadores, enquanto coisas devem seguir a China". Significa que substantivos próprios costumam ser transliterados, mas substantivos comuns, como objetos ou conceitos, devem ser traduzidos. Uma marca como a Chanel vira 香奈儿 (xiāngnài'er), ou seja, é adaptada a logogramas com pronúncia relativamente próxima à original. Para outros substantivos, a escolha de logogramas seria por conceito. Por isso, a alpaca é chamada de 羊驼 (yáng tuó) - algo como "camelo-ovelha" - e a capivara é conhecida como 水豚 (shuǐ tún), combinação dos símbolos "água" e "porco". É mais complicado que isso: nem todo substantivo próprio é transliterado, por exemplo, e a política influencia bastante como outros países são chamados (esse vídeo sobre o tema é bem interessante).

🫘 Demorou, mas saiu minha análise do primeiro trailer de O Cavaleiro dos Sete Reinos, nova série do universo de Game of Thrones. O vídeo tem mais de meia hora e altas discussões sobre heráldica e cores das casas. Tô empolgada pra ver as aventuras de Dunk e Egg, e vocês?

🌳 falando nisso... oi, sumido!

O Mundo de Gelo e Fogo é uma das principais referências sobre a história de Westeros e Essos. A Longa Noite, a Perdição de Valíria, a formação dos Sete Reinos, a consolidação das Grandes Casas e a ascensão e queda dos Targaryen… muitas dessas histórias são mencionadas n’As Crônicas de Gelo e Fogo, mas com detalhes pincelados ao longo de suas centenas de capítulos. Em O Mundo de Gelo e Fogo, essas informações são reunidas e expandidas para formar uma verdadeira enciclopédia do universo de George R. R. Martin, com mais de 170 ilustrações, mapas e genealogias para consulta.

Não à toa, sempre é o primeiro que cito quando pedem a fonte das informações históricas nos vídeos de Game of Thrones e House of the Dragon. Também tem Fogo e Sangue e A Ascensão do Dragão, claro, que são bem detalhados, mas têm como foco um período específico da história Targaryen. Todo o restante está em OMdGeF - o que, na minha opinião, o torna imprescindível pra quem quer se aprofundar nesse universo.

O problema é que o livro estava esgotado há anos no Brasil. Os únicos volumes disponíveis (de quando outra editora publicava o GRRM por aqui) chegavam a ser vendidos por 400 reais em sebos ou marketplaces. Não era nem viável recomendar a leitura aos inscritos do canal. Mas agora O Mundo de Gelo e Fogo está de volta pela Editora Suma, com caprichadíssima nova tradução por Jana Bianchi e Diogo Ramos (e preparação do Felipe Bini, do Gelo e Fogo - principal site de fãs brasileiros das Crônicas).

A nova edição já está disponível e você pode comprar a sua no link abaixo! Agradeço se puder usar meu link, já que isso apoia a newsletter <3

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Leia O Mundo de Gelo e Fogo e conheça a história por trás de GOT, HOTD e O Cavaleiro dos Sete Reinos!

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A partir de agora, o jardim está temático de Gelo e Fogo! Além de colocar links de vídeos e materiais de apoio, vou indicar qual página de O Mundo de Gelo e Fogo contém a história específica. Vamos entrar?

🌱 No vídeo do trailer de O Cavaleiro dos Sete Reinos, comentei que a nova série se passa mais ou menos no meio de GOT e HOTD. O que não contei é qual o momento histórico exato: o das primeiras Rebeliões Blackfyre. Tem três vídeos super antigos que fiz com a Carol sobre os Blackfyre (usando OMdGeF como fonte, claro). Se quiser evitar possíveis spoilers de A Knight of the Seven Kingdoms, recomendo ver/ler apenas até o fim da Primeira Rebelião, que ocorreu antes da primeira história de Dunk & Egg (O Cavaleiro Andante).
Páginas 100 a 103

🫘 Uma das histórias mais doidas de Westeros é a de Lodos, o maior devoto do Deus Afogado. Nesse vídeo de quase 10 anos atrás, já estávamos rindo do _herói das Ilhas de Ferro…
Página 187

🌱 Nesse vídeo, conto tudo que sabemos sobre Bloodmoon, projeto cancelado do universo de GOT. Esse spin-off retrataria um período beeeem anterior à série principal, coisa de 10 mil anos. Provavelmente, veríamos algo da Longa Noite ou da Era dos Heróis de Westeros. A HBO descartou todo o projeto, então não temos certeza de como seria a trama. Porém, vazaram algumas imagens do episódio piloto, e no vídeo eu especulo que a personagem de Naomi Watts estaria em Rochedo Casterly. A Era dos Heróis é um dos períodos mais interessantes de Westeros. Várias das famílias mais importantes traçam suas origens a partir dali. Será que em Bloodmoon veríamos a história de Lann, o Esperto - e as origens da Casa Lannister?
Páginas 10 a 12 e 195

🌳 5 lugares misteriosos no Mundo Conhecido

Uma das partes mais importantes d’As Crônicas de Gelo e Fogo é o mundo construído pelo George R. R. Martin. Capítulos de ponto de vista permitem acompanhar personagens separados por milhares de quilômetros. Enquanto um está em Porto Real, outro narra suas aventuras na Campina, na Muralha, em Dorne ou em Bravos. Eles circulam pelo mapa, percorrendo grandes distâncias para combates, missões diplomáticas, ou apenas tentativas de voltar para casa.

Tyrion Lannister passa por muitos lugares (principalmente em A Dança dos Dragões) e é de se imaginar que a Melisandre tenha visto boa parte do Mundo Conhecido, mas a personagem com capítulos próprios que mais identifico com jornadas em terras distantes é Daenerys Targaryen. Mesmo antes dos acontecimentos dos livros, ela já tinha passado por um monte de Cidades Livres. Quando a conhecemos, começa a jornada de Pentos para Vaes Dothrak. Depois, ela ainda visita - e impacta - Qarth, Astapor, Yunkai, Meereen.

Os capítulos de Daenerys são uma janela para locais distantes e bem diferentes de Westeros. Mas mesmo sendo tão extensa, a jornada da khaleesi passou apenas por uma fração de Essos. O continente é imenso - muito maior que Westeros, já bastante extenso e cheio de particularidades. Mesmo a ponta mais oriental do Mar Dothraki ainda está na metade do caminho para Asshai.

E isso só em Essos! Ainda existe pelo menos todo um outro continente (Sothoryos), além de uma terra que não se tem certeza se é outro continente ou não (Ulthos). O mundo d’As Crônicas ainda não foi completamente mapeado e muito dele é incógnita - ainda mais para quem está em Westeros, do outro lado do planeta. Por isso mesmo, chamamos de Mundo Conhecido, já que boa parte é desconhecida mesmo, hehehe.

Uma característica que amo em O Mundo de Gelo e Fogo é a manutenção desse sentimento de mistério, pois o livro é escrito como se existisse dentro de Westeros. A ideia é que um meistre da Cidadela teria reunido informações de diversas fontes e consolidado num único volume tudo que se sabe (em Westeros) sobre o mundo e sua história. Por isso, é de se esperar que muitas informações sejam exageros ou até reflexos de preconceitos sobre outras sociedades. Mesmo assim, é impossível negar a existência de lugares bem misteriosos nesse planeta. Aqui estão alguns dos que mais me intrigam.

Ilhas Basilisco
O arquipélago ao norte de Sothoryos é repleto de esconderijos de piratas e foras-da-lei, mas não é disso que vim falar aqui. Entre as muitas ilhas, há diversas histórias bizarras, como a de Gogossos, colônia penal onde o Império Valiriano supostamente realizou experimentos com magia de sangue. Mas o local mais misterioso é a Ilha dos Sapos, onde dizem que os habitantes têm aparência de peixe e membranas entre os dedos das mãos e dos pés. Lá existe uma estátua de sapo com 15 metros de altura, esculpida em pedra oleosa preta. Esse material, aliás, aparece em diversos locais do Mundo Conhecido aparentemente sem relação entre si - as paredes de Asshai, a Cadeira de Pedra do Mar das Ilhas de Ferro, a base da Torralta em Vilavelha etc -, o que poderia indicar uma civilização ancestral, bem mais antiga que Valíria (e com domínios muito mais extensos).
Páginas 282 a 284

O Mar Escondido
Mais a leste que Asshai há o Mar Escondido, que banha uma cidade onde (dizem) humanos voam com asas de couro. Em outra margem fica a cidade de Carcosa, na qual um vive um senhor feiticeiro que diz ser um imperador exilado de Yi Ti - mesmo sua suposta dinastia, a amarela, tendo sido derrubada há um milênio. O local é uma das muitas referências que GRRM inclui em seu mundo: a partir do conto Um Habitante de Carcosa, de Ambrose Bierce, vários autores utilizaram esse nome. Com a cor da dinastia do pretendente a imperador, impossível não pensar da Carcosa mencionada em O Rei de Amarelo, livro de Robert W. Chambers altamente influente na ficção especulativa.
Página 303

Baía dos Canibais
Meio que o Triângulo das Bermudas, mas sem um lugar determinado no mapa - só se sabe que deve ficar em algum ponto do Mar Tremente. Dizem que, ao entrar na Baía dos Canibais, o navio fica preso para sempre nas águas congeladas, e sua tripulação vira alimento de outros marinheiros. Estes, diz a lenda, seriam descendentes das tripulações de mil navios que encalharam ali ao longo dos anos. A conta não fecha, mas é intrigante mesmo assim, né? (Um meistre sugere que os desaparecimentos podem ser graças a ataques de dragões de gelo, o que é ainda mais interessante.)
Página 294

Yeen
Essa cidade no norte de Sothoryos aparece na história da Princesa Nymeria e seus 10 mil navios. Antes dos roinares se assentarem em Dorne, passaram por diversos locais insalubres, como as Ilhas Basilisco e Naath. A experiência mais estranha, no entanto, foi a estadia desse povo nas cidades de Zamettar e Yeen. Zamettar, onde Nymeria ficou, era uma ruína do Império Ghiscari, mas Yeen provavelmente é muito mais antiga. Suas construções são feitas da mesma pedra oleosa encontrada na Ilha dos Sapos e, mesmo estando abandonadas há milhares de anos, não foram tomadas pela mata densa da região. Nymeria dizia que era "uma cidade tão terrível que nem a floresta quer entrar", e não é à toa. Pouco depois tempos que seus súditos tentaram criar um lar na região, um barco saiu de Zamettar para visitar o assentamento em Yeen, mas encontrou a cidade vazia. Toda a população tinha desaparecido de uma hora pra outra.
Páginas 24 e 285

Stygai
Talvez Asshai seja o local misterioso de Essos sobre o qual temos mais informações. Afinal, é um dos mais mencionados n'As Crônicas de Gelo e Fogo. Dizem que os ovos da Daenerys vêm de lá, assim como a Melisandre. Mirri Maz Duur afirma ter estudado ali e Euron Greyjoy se gaba de ter navegado até a cidade. Asshai por si só já é um lugar fascinante - uma terra de feiticeiros, alquimistas e umbromantes, de onde se originam profecias e até, de acordo com alguns textos, os dragões. Por ela passa um rio tóxico cujas águas brilham à noite. Todo mundo esconde o rosto, não há crianças, e os alimentos têm de ser trazidos de fora, já que animais morrem em pouco tempo ali. Não parece muito convidativo, né? O GRRM consegue vender Asshai como um dos lugares mais barra-pesada do Mundo Conhecido. Mas e se eu te contar que bem ao lado de Asshai tem uma cidade pior ainda? Stygai fica a nordeste dali, e sua fama é de ser uma cidade cadavérica da qual até umbromantes têm medo. Dizem que lá vivem demônios e dragões retorcidos e que quase não há incidência de luz solar, por isso o local também é conhecido como Cidade da Noite.
Páginas 308 e 309

Em O Mundo de Gelo e Fogo, você encontra textos sobre esses e muitos outros lugares. Dava até pra fazer uma lista ainda maior, já que vários mistérios pairam sobre as terras de Essos e Westeros. Se quiserem, podemos discutir outros casos nos comentários, bora?

🍀 Gostaria de agradecer à Editora Suma por confiar na newsletter e apoiar esse momento super nichado no mundo do GRRM. Amei fazer e espero que vocês tenham gostado de ler!

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